Capítulo 3 - Descobrindo o Cativeiro
Pra começar esse capítulo das minhas memórias, irei falar na primeira pessoa. Que sou eu, claro, a primeira pessoa: Romualdo Tavares. Bom, deixemos de brincadeiras e vamos aos fatos.Depois de muito tentar, consegui abrir a janela. Era uma janela pequena, mas consegui pular para dentro da casa.
Olhei em volta e percebi que minha antiga casa não era tão ruim, essa aqui conseguia superar de longe. Não havia um móvel que não tivesse sido feito com ripas e pedaços de pau ou caixas de mercado. Mas isso não importava, o que me intrigava era aquele alçapão.
Estava trancado então bati na madeira e gritei: Tem alguém aí?
Ninguém respondeu e eu cheguei a pensar que meu instinto estava errado e não deveria mesmo ter nada demais naquele casebre.
Mas algo me incomodava, eu não parava de imaginar que ali abaixo daquele alçapão estavam as crianças. Então decidi arriscar e com uma pequena barra de ferro que havia dentro da casa eu consegui arrancar a tranca.
Como eu imaginava, havia um pequeno cômodo lá embaixo. Um pequeno espaço e logo depois um quarto com grades enferrujadas e dáva pra ver que haviam duas crianças dormindo.
Eu não sabia se as chamava e resolvi chamar a polícia.
Pedi urgência, pois na verdade (que ninguém saiba) não queria que o sequestrador chegasse e me encontrasse sozinho ali.
Para minha sorte havia uma patrulha por perto e logo o policial estava ali. Contei a ele o que vi e quem eu era, antes que me prendesse por arrombamento ou pior, pelos sequestros.
Procuramos pelo terreno e nos fundos da casa, eca, quanta sujeira e mato tinha ali, encontramos uma escada.
Deveria ser a que o sequestrador usava para descer até as crianças. O policial desceu.
Pobres crianças, havia uma latrina, um pão e alguns brinquedos e revistas na cela.
O policial tinha seus métodos e abriu a cela. Um dos meninos acordou assustado.
- Meninos, acordem, vocês estão livres.
Ainda tonto o menino que dormia no chão se levantou e chamou o companheiro de cativeiro..
Eu observava do alto, não deveria descer, pois seria mais prudente ficar ali e observar se o bandido voltava.
As crianças não queriam esperar nem um minuto, assim que se viram fora da cela correram para a estrada e nós desesperados atrás.
Não podíamos correr o risco de perdê-las.
Agora era levá-las para suas casas e voltar para tentar prender o meliante.
Levamos Pedrinho para casa. Margareth, sua mãe, não se continha de felicidade, abraçava o filho, me abraçava agradecida.
E eu estava me sentindo feliz por ter resolvido o caso e estranhamente feliz com aquele abraço.
Peter, o outro menino estava conosco, eles desandaram a contar o que acontecera naqueles dias. De como gritavam por socorro, mas a casa era distante e ninguém os escutava.
De como eram obrigados a pedir dinheiro e comida na cidade vizinha, apenas a meia hora de viagem a pé, partindo dos confins onde ficava a casa em que estavam presos. O bandido ia com eles e ficava de olho em cada passo deles.
Mas eu e o policial não podíamos nos demorar, tínhamos que levar Peter para sua casa e ainda tentar pegar o sequestrador.
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