Um Passeio no Pet Shop

Eu não conseguia acreditar no que vira aquela madrugada. 
Não consegui mais dormir apreensivo, ouvindo grunhidos e sons suspeitos vindos do quintal. 
O meu corajoso cão de guarda ainda tremia e babava embaixo da cama. Resolvi chamá-lo, ele saiu e pulou para cima da cama. 
_ Desça da cama Oto. Venha cá.
Chamei Oto para a sala. 
_ Vá lá fora e monte guarda, seja um bom cão de guarda e ponha aquele monstro pra correr daqui!


Mas por mais que eu mandasse ele só me olhava com aquele olhar incrédulo e abobalhado. O máximo que ele fez foi olhar pela janela. Não seria dessa vez que Oto mostraria sua coragem.


Enfim amanheceu, aquela criatura já deveria ter ido embora. Eu sou muito corajoso e nada me impediria de ir lá fora verificar. Tomei um banho e fui ver o quintal. Pois não é que aquela coisa tinha removido todas as as ervas daninhas que ainda tinham sobrado. Pelo menos uma coisa boa. Será que ela comera as ervas? Que seja, menos um trabalho para mim. Já havia me esquecido da casinha do Oto. Tinha que ir num petshop comprar e uma nova vasilha de comida, porque até isso a criatura havia mastigado. Que horror!


Entramos na loja, eu me encantei por um pássaro e estava observando quando notei alguém ao meu lado. Fiquei quase sem ar, era Margareth Lins, a mãe de um dos meninos que eu ajudara a libertar. Será que ela me reconheceria? 


- Sr. Romualdo. Como vai o senhor?
Ela se lembrara, eu mal conseguia falar. Ela mexia comigo, não podia negar. Claro que ela se lembraria de mim, mas achei que não me reconheceria sem o chapéu. Bobagem.
- Bem, obrigado. E a senhora, tudo bem? Como está seu filho?
- Estou muito bem, obrigada. E o Pedrinho está ótimo, voltou a escola hoje. Eu vim aqui para ver se compro um bichinho para ele, quero lhe fazer uma surpresa.
Esse é seu cachorro?
-  Sim, esse é o Oto. 
Marcamos de nos encontrarmos outra hora para eu ver como Pedrinho estava bem. Nos encontraríamos no parque assim que eu tivesse uma folguinha.
Comprei uns pratinhos novos para o Oto e fui para casa. Fiquei tão nervoso que nem comprei a casinha, mas não era problema, sabia onde tinha umas madeiras e eu faria uma para ele assim que tivesse algum progresso no meu novo caso, não poderia deixar a minha nova cliente esperando mais. Levei Oto para casa e fui dar alguns telefonemas.


Eu tinha feito alguns contatos na noite anterior, precisava me concentrar nesse caso, mas minha cabeça estava ainda as voltas com tudo o que se passara. E precisava de um carro, andar de metrô era prático, mas me atrasava um pouco além de que ele não ir a toda parte da cidade. No dia anterior no mercado tinha visto o anúncio de um carro barato e tinha anotado o número.


Que ótimo, que o senhor pode trazer o carro até aqui. Sim, o restante lhe pago todo dia 5. Combinado, estou esperando. (esse era meu método, se o carro chegasse até em casa é porque andava)


Aqui está, eu não poderia ter comprado um carro mais feio. E ainda por cima amassado. Pela barulheira que fez ao chegar tive até medo de sair com ele. Bem, era torcer para ele não desmontar no meio da rua. Ainda tinha três prestações para pagar ao homem. Mas se tudo corresse bem ao final desse tempo já poderia trocá-lo por outro melhor. 
O meu novo caso era bem simples, com as informações que havia coletado e mais um pouco de observação o resolveria em poucas horas.


Essa moita aí sou eu, muito bem disfarçado, não?
Já estava com câimbras quando vi o suspeito e praticamente pulei em cima dele e arranquei-lhe uma confissão. O cara tatuado não era difícil de ser reconhecido.
Essa foi fácil. Eu estava cada vez melhor, hehehe.
Com tudo resolvido, o cara denunciado, pagamento acertado com cliente podia ir pegar as madeiras e fazer a casinha do Oto.

 
 

Pronto, agora era convencê-lo a dormir lá fora. Depois da aparição da criatura verde ele não se animara em sair para o quintal.




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