Capítulo 18

O Sr. Raymond não queria que soubessem que havia contratado um detetive particular. Era um homem misterioso esse. Tudo bem, eu sou o mestre dos disfarces. Fui até a casa dele disfarçado de técnico.


Entreguei a caderneta. Os olhos dele brilharam e não podia conter o sorriso. É, mais uma vez o trabalho bem feito de Romualdo Tavares. E dessa vez corri até risco de morte. Quase fui calcinado nas chamas daquelas armadilhas. Fui atacado por uma múmia ensandecida, quase me transformei em uma e então bateria as botas. Foi puxado. Mas o cheque que o Sr. Raymond me entregou curou até meus arranhões em questão de segundos. Agora os olhinhos que estavam brilhando eram os meus. E eu que achei que a primeira parte do pagamento antes da viagem tinha sido gorda. Felicidade do serviço completo a perfeição.

Quando sai o Oto já estava lá fora. Um rapazinho o segurava pela coleira. Parece que queriam se livrar logo dele. Eu não podia culpá-los.


Fiquei muito feliz ao ver o Oto e ele a mim. Agradeci ao menino e fomos andando, mas Oto ainda não se despedira da casa, faltava a saideira. E me fazer passar uma vergonha básica. Eu não deveria ter tirado a coleira. Agora sim, o serviço estava completo.


Chegamos em casa e Oto tratou de carimbar a entrada. Por mais que eu tentasse ensiná-lo era sempre ali que ele teimava em fazer as necessidades. E já estava cavando o quintal para variar.


Com Oto em casa e feliz, liguei para Margareth e marcamos de sair mais tarde. Estava morrendo de saudades.


A noite fui buscá-la e a levei para tomar um chá e contei minhas aventuras no Egito. Ela também tinha novidades. Começara a trabalhar como estilista. Eu não conseguia mais me conter e falei quase que tropeçando nas palavras.

- Margareth, venha morar comigo. Nós todos juntos.
Meu coração quase parou com medo de levar um não. Mas ela só me olhou e sorriu.
Depois de uns goles de chá que eu achei que ela nem me daria resposta ela falou.
- Eu adoraria.
- Mesmo? Quer dizer, você aceita?
- Depende.
- Depende?
- Bem, onde vamos morar? Sua casa é pequena para todos nós e meu apartamento menor ainda.
- Isso não é problema, há tempos que eu venho procurando uma casa para nós.
- Sério?
- Sim, faz um tempo mesmo. E creio que encontrei. Só precisa você ver se gosta.

Eu estava muito feliz. O lugar estava cheio e algumas pessoas pareciam nos observar. Uma senhora meio estranha não saia de perto, mas parecia observar a todos. Devia ser falta do que fazer.
Uns policiais entraram, eu os conhecia, foram eles que prederam o Bolão, o homem que sequestrara Pedrinho tempos atrás. Mas agora estavam discutindo com uma moça, todos, inclusive nós pararam para olhar. No final tudo se resolveu e eles acabaram ficando para um chazinho.


Eu estava enrolando e a hora foi passando, as pessoas começaram a sair e logo iria fechar e tinha que fazer o pedido. Não poderia deixar assim no "Vamos morar juntos."
- Margareth, você quer casar comigo?
Agora que eu sabia que a resposta seria positiva ficou bem mais fácil.




- Então, Margareth, vamos casar logo, amanhã se você quiser?
- Amanhã?
- Hoje, amanhã, eu não vejo mais minha vida sem você. Converse com Pedrinho, ele é um bom menino e nos damos muito bem.
- Está certo, Romualdo.
- Podemos nos acomodar na minha casa provisoriamente. Logo nos mudaremos. Vou deixar você resolver a decoração da casa nova e posso pedir ajuda a Francis, meu amigo. Ele entende de tudo e até já foi arquiteto.
- Conheço ele, há um tempo me ajudou com meu apartamento. Ficou bem melhor depois que ele mudou a decoração e a pintura das paredes.
- Posso chamá-lo como padrinho. Terá que ser uma cerimônia simples, entre amigos.
- Eu posso me casar, se é isso que lhe assusta. Sou livre já faz bastante tempo, quase nem lembro mais a cara do meu ex. Deixe-me conversar com meu filho, arrumar as nossas coisas e enquanto isso você resolve a mudança para a casa nova, não que eu não queira ficar na sua casa, mas será bem melhor para Pedrinho ter logo o quarto dele.
- Com certeza. É provisório, logo estaremos na nossa casa.

Eu não poderia me sentir melhor. E não via a hora do grande dia chegar.