Capítulo 19 - De Casa Nova

As casas que havia visto há um tempo atrás e me pareceram tão boas, agora não pareciam tão apropriadas. Eu teria que começar a busca toda de novo. Mas eu tinha que ir até a prefeitura resolver umas coisas e depois continuaria a busca. Eu não tinha tempo a perder.
O que eu não imaginava era que na Prefeitura eu encontraria a solução para o problema da casa nova.

Havia um terreno perto da prefeitura e junto ao parque que tinha um prédio desativado que há muito tempo seria um corpo de bombeiros, mas o prefeito resolveu deixar o corpo de bombeiros a duas quadras da prefeitura, não havendo mais necessidade desse prédio. E iriam colocar o terreno a venda na semana seguinte. Isso me animou, qualquer um poderia comprar e reformar. Por reformar eu já pensava em mais barato. Resolvi pedir para falar com o prefeito, ele era muito solícito e já me conhecia. Ele me disse que se eu fizesse uma oferta antes do prédio ser anunciado poderia ter um bom desconto em cima do valor que já era bem em conta. Me veio a cabeça o quanto eu tinha economizado e se daria. Talvez eu pudesse obter um pequeno empréstimo, mas calma Romualdo. Deixe o homem falar.
- Romualdo, o prédio está em excelente estado. É bem grande, o terreno é ótimo. Só precisa de umas coisinhas aqui e ali. Faltam vasos sanitários, por exemplo, mas nada que já não se queira trocar mesmo em uma casa nova. Algumas portas estão quebradas, as outras precisam de pintura.Tenho certeza de que vai adorar o local por dentro. É muito espaçoso. Poderá ter uma família grande ali.
Então me mostrou os papéis e o valor. Nossa, estava mesmo em condições para eu comprar. Restava saber como estava o prédio por dentro, mas eu estava muito empolgado, conhecia o local por fora, já passara muitas vezes por ali. E ficava bem no centro da cidade, ao ladinho do parque e depois do parque ficava a escola, não poderia ser melhor. Eu não ia conseguir esperar. Fiz logo a oferta.
Margareth também iria adorar morar naquela região e ela já me dissera quando a deixei em casa no dia anterior que confiava na minha escolha, então estava feito. Tomara que eu não me arrependesse.
Liguei para Margareth para irmos ver o prédio. Puxa vida, era logo ali, pertinho a poucos metros. Eu estava empolgado demais.
Não demorou e ela chegou, eu já estava lá em frente da casa inquieto, olhando tudo. Tinha até uma esteira velha e enferrujada de brinde.


- Veja, Margareth, a casa é enorme. Depois podemos trocar essas janelas.
- Com certeza, parece um celeiro, mas é grande mesmo. Vamos ver por dentro.


- Essa parte da casa é enorme e será nossa sala. Não se espante com a bagunça, a gente arruma e limpa tudo em um dia, eu acho. E ainda tem um porão.
- Espaço não falta. Não se preocupe, Romualdo, eu gostei. Com o tempo vamos deixá-la perfeita.

A cozinha era ali mesmo em um canto da sala.


Margareth foi logo ver a "cozinha". A cara que ela fez não foi das melhores.

- Não vou lhe enganar, Romualdo. Da cozinha não dá pra salvar nada. A pia está podre e os armários caindo aos pedaços.
- Verdade, vamos ter que trocar de imediato.
Felizmente as paredes nem precisavam ser pintadas, aquelas pedras eram bem bonitas e era por toda a casa. Iria economizar muito com isso.

Fomos ver o restante, tinha uma porta ao lado da cozinha que dava para o quintal. Era um pedaço cercado não sei porque. O restante do terreno era bem grande e aquele pedaço ali cercado, pra quê? E a cerca estava bem ruim. Mais uma coisa que Margareth me intimou a trocar logo. Eu tentei argumentar que bastaria tirar a cerca e pronto, mas ela gostou da ideia do cercado, mas queria cercas novas. Então tá, eu não iria discutir. Mãos a obra.
O porão era grande, eu nem imaginava o que fazer com ele. O segundo andar tinha uma sala bem grande, daria para dividir se quisesse, um quarto e um banheiro, só com chuveiro, faltava o resto, pia, vaso, bancada. O Terceiro andar um banheiro nas mesmas condições, um hall e dois quartos. Ah, e um terraço bem grande. Decidido, o terceiro andar seria para as crianças.
- Que crianças, Romualdo? Só temos o Pedrinho.
- Por enquanto.
- Ah, claro. Por que não? - respondeu ela meio assustada, mas com um sorriso que me deixou ainda mais feliz.

O trabalho seria grande, um dia não ia dar. E um dos quartos estava com a porta despencando. O banheiro do primeiro andar estava do mesmo jeito. As outras portas eram horríveis, teria que trocar tudo e as principais eu teria que pintar todas. Pelo menos ela concordou em deixar as janelas pra depois. Mas o tal pedaço de quintal cercado eu teria que trocar as cercas logo e o pior colocar uma cobertura. Eu já sentia os músculos doerem por antecipação e meus bolsos esvaziarem. Mas valeria a pena para começar uma nova vida e uma nova família.

Então fui para minha casa pegar o Oto, a casinha dele, a estante que eu mesmo fizera, colocaria ela no porão. Já imaginava Margareth falando que ela enfeiaria a sala. Só tinha isso mesmo, minhas roupas, PC e notebook . E o pratinho do Oto, é claro. Pronto eram todos meus pertences. mesmo assim chamei um pequeno caminhão de mudança e da minha casa partiríamos para a casa de Margareth para pegar as coisas dela também. Ela também tinha muito pouco, os móveis dela, como os meus, pertenciam a casa. Teríamos que comprar tudo novo, ou quase novo. Porque eu já estava de olho na loja de troca e venda para comprar o que desse mais barato.


Oto estranhou o tamanho da sala, era muita coisa para ele explorar. E a porta do banheiro já estava destruída ele nem teria oportunidade de arrebentá-la. E agora ele iria ter que tomar jeito. Margareth não aceitaria ele destruindo nada. E eu já havia me esquecido de que adotara um gatinho para Pedrinho. O bichano era educado e Oto ia ter que entrar na linha, já era hora.

Eu ainda tinha que entregar as chaves da casa velha. Margareth havia feito milagre na mobília que Oto havia roído. Reformou os estofados, colocando tecido novo. Eu lixei e encerei a mesinha. Estava tudo parecendo novo, não haveria problemas com o senhorzinho da imobiliária.


Adeus casinha, tive bons momentos aqui.