Capítulo 21

Dois dias intensos, muito trabalho, cheiro de tinta, coisas espalhadas pela casa toda. Mas tínhamos feito o máximo que podíamos até ali. A ajuda dos amigos foi primordial, sem eles demoraria muito mais. Agradeci a todos e fiquei feliz quando se ofereceram para voltar a ajudar quando eu precisasse. 

Precisávamos descansar. Margareth andara pela casa toda limpando, arrumando. Cuidara do Oto e do Kiko, dera muita bronca no Oto. Ele andava meio cabisbaixo, mas estava aprendendo. Eu mal tinha tido tempo de lhe dar atenção. Até Pedrinho ajudara cuidando dos dois. Levando Oto para passear, brincando com eles.


Fomos dormir exaustos. No dia anterior tínhamos acordado muito cedo e hoje era dia de dormir até mais tarde. Acordamos quase na hora do almoço. E nos demos uma folga e fomos os três almoçar fora. Conversamos sobre a casa e nosso casamento. Pedrinho contou as novidades da escola.


Já estávamos voltando pra casa quando Francis mandou uma mensagem.


Em seguida ele ligou e disse que nossos amigos já tinham planejado tudo. Arrumado o local e que estariam lá me esperando logo ao anoitecer. 
Eu que não esperava por essa. Nem pensara em festa de despedida de solteiro. Afinal nem no meu primeiro casamento teve disso. 
- Mas nem sou solteiro, sou viúvo. 
- Que diferença faz? - perguntou Francis. - Estava vivendo sozinho, agora tudo vai mudar, vamos aproveitar e fazer a saideira. Até mais, a gente se vê lá no Retiro Buena Vista.
- Nem sei onde fica isso.
- No final da estrada de terra que segue quando vira para o Mercado Encestado e a casa de chá, lá pras bandas que você morava. Não tem erro, tem uma plaquinha bem, na curva.
- Certo. Até depois.
Não tinha como eu recusar. Os rapazes estavam sendo tão legais conosco e afinal era só um encontro de amigos. Margareth deu a maior força para eu ir. 

- Vá se divertir um pouco, você só trabalha.
- Está certo, obrigado amor. Pode deixar que vou me comportar.

Eu ainda não comentei que vendera o Caidinho? Meu carrinho azul amassadinho, lembram dele? Pois é, vendi. Comprei um carro zero! Mas não se empolguem, é um carro popular para a família. 


Bem, assim que escureceu lá fui eu para encontrar os rapazes e participar da minha festinha. Confesso que estava meio assustado, não tinha ideia dos que eles planejavam. 

Vocês já conhecem alguns deles, mas Emílio e Douglas vieram ajudar no dia seguinte. Então a turma é Francis, Dan, Carlos, Jaime, Ryu, Emílio e Douglas. 

Eles estavam todos me esperando num chalé distante da cidade. Quando cheguei estavam animados, me serviram drinks e me intimaram a uma disputa no karaokê. Seria um desastre, eu sou péssimo cantor. Até o Sr. Raymond deu uma passadinha no chalé. Me cumprimentou, ficou um pouco, ouviu nossa cantoria e depois se despediu, teria que dormir cedo ou seus ouvidos estavam doendo e ele não queria ser indelicado. Mas estaria sem falta no meu casamento.

Eu fiz uma dupla com Douglas. Credo, éramos péssimos!  

A fome começou a bater e fomos fazer uns cachorros quentes na churrasqueira. 


Carlos Miguel se encarregou de preparar o lanche.

Eles haviam arranjado um barril cheio de bebida e foi aí que a bagunça realmente começou. Eu só havia bebericado alguns goles até ali, mas como escapar de beber com um maluco me segurando de cabeça pra baixo? A cerveja estava gelada e beber de cabeça pra baixo parecia fazer efeito mais rápido. Quando Jaime me soltou o mundo deu uma giradinha a minha volta.


Todos se revezaram bebendo no barril. E animados resolveram voltar a cantar no karaokê. Todos deram um show, mas as vozes já não eram as mesmas. As interpretações haviam piorado muito, mas estavam bem mais divertidas. Carlos Miguel se empolgou subindo na máquina e pulando lá de cima. 

Povo animado esse, até me esqueci da hora. Me empolguei.
Já era tarde quando os ânimos foram sendo derrotados. Jaime estava se virando do avesso e nem teve tempo de chegar ao banheiro. Dan apesar de não estar passando mal, estava arriado sentado na poltrona. Contamos piadas até nos calarmos de cansaço. 




Francis, Emílio e Dan arrumaram tudo o melhor possível. Resolvemos ir embora antes que o sono nos pegasse e apagássemos ali mesmo no chalé. Emílio ajudou Ryu a se manter em pé. Jaime ainda colocando os bofes pra fora. E Dan estava caindo de sono. 

Fora Emílio e Francis que não haviam bebido, os outros estavam meio baleados. Francis iria levar os amigos pra casa. Emílio apenas tinha preparado drinks e iria dirigir meu carro e me levar pra casa.
A estrada parecia uma serpente e felizmente não era muito longa. Eu estava ficando enjoado. Ao chegar a porta de casa ofereci a Emílio que entrasse, mas ele preferiu ir para casa, então deixei a chave do carro com ele para que voltasse pra a casa dele e depois de descansar e me recuperar bastante eu pegaria o carro lá. 

Fui direto ao banheiro, precisava tomar um banho gelado. 
Eu estava um bagaço. 
Subi para o quarto, Margareth estava dormindo, claro, era tarde. Joguei o roupão no chão, me joguei na cama e apaguei.