A Aparição


 Eu já esperava que Oto não fosse mesmo dormir lá fora em sua casinha nova. Pensei no que poderia fazer para melhorar para ele e percebi que o local era muito escuro. Iria comprar um spot de luz e o colocar bem de frente para a casinha. Isso tinha que resolver, mais uns bons gritos com ele para animá-lo. 


Fui tomar um banho antes de dormir, já estava saindo do banho quando ouvi o ganido do Oto. O que seria dessa vez?Corri para o quarto e lá estava Oto com a cara mais assustado do mundo olhando para algo que eu não conseguia ver.


Com certeza ele via algo, pois acompanhava com a cabeça. Eu olhei em volta, mas não via nada.


De repente ouvi um barulho vindo da sala. Estranho, Oto ainda estava o quarto. Fui ver o que era.
Mas o que era aquilo?!


A geladeira estava a quase meio metro do chão. E se balançava no ar. O que estaria acontecendo?
Oh, não!
Agora eu começava a ver. Era um fantasma. 
Mas, meu Deus. Não podia ser. Não podia ser ela.


Ela se virou pra mim e quase tive tive um ataque.


Ela olhou bem nos olhos e saiu em direção ao quarto. Minhas pernas estavam bambas, mas a segui. 
Ela parou em frente a urna e começou a gesticular.


Minha querida. O que você quer dizer?
Essa é sua urna. Eu nunca lhe esqueci, nunca tirei você de perto de mim.
Ela continuava a gesticular, parecia demonstrar que não estava satisfeita. E de repente, assim como veio ela se foi. 
Fiquei parado, perdido, só eu e Oto no quarto, pelo menos que eu pudesse ver. Oto ainda estava em estado de choque.


Eu olhava para a urna, procurando entender o que ela tinha tentado me dizer. Na verdade eu acho que já sabia, só era difícil aceitar.


Eu sabia o que deveria fazer. Levar a urna de minha falecida esposa para o cemitério. Isso era uma tarefa difícil. Mas era o certo a fazer e pelo que percebi, ela o que ela desejava.
É... eu faria isso pela manhã. Era hora de recomeçar. Para isso eu me mudara de cidade para ter uma nova vida. Um recomeço. 
De manhã, antes de sair ainda a vi mexendo na geladeira. Me deu um sentimento de saudade, mas eu precisava ir.


Fui a prefeitura e agora me dirigia até o cemitério da cidade, que aliás ficava muito distante, seria isso proposital? Ficaria difícil para estar sempre a fazer-lhe uma visita. Não queria colocar a urna no mausoléu, queria um túmulo fora, mas era muito caro. Consegui parcelar e enfim teria um túmulo simples que eu poderia arrumar, colocando depois um canteiro de flores em volta.
Entreguei a urna ao rapaz que trabalhava lá e sai. Queria mudar meu pensamento, pelo menos por hora.


http://thesimsumanovavida.blogspot.com.br/2014/08/visitando-os-amigos.html